Inflação acelera 1,31% em fevereiro, puxada por alta na conta de luz — IPCA registra maior índice desde 2003
- maropenews
- 27 de mar.
- 2 min de leitura
A inflação no Brasil registrou uma forte aceleração em fevereiro, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançando 1,31%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o maior índice para o mês desde 2003, quando o indicador marcou 1,57%. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação chegou a 5,06%, acima dos 4,51% registrados em janeiro, ultrapassando o centro da meta estipulada pelo Banco Central para 2025, que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

IPCA sobe 1,31% em fevereiro, impulsionado pelo aumento na conta de luz, e registra o maior índice para o mês desde 2003. — (Reprodução/Divulgação: IstoÉ Dinheiro)
Conta de luz e alimentos lideram alta
O principal vilão da inflação em fevereiro foi o setor de energia elétrica, que subiu 9,12% no mês. O aumento se deve à implementação da bandeira tarifária amarela, que acrescenta R$ 1,88 a cada 100 kWh consumidos, em razão da menor oferta de energia hidrelétrica e maior dependência de usinas térmicas, mais caras. Além disso, ajustes tarifários em diversas regiões contribuíram para a elevação dos custos.
Os alimentos também tiveram impacto significativo no índice geral. A alta foi de 1,45%, com destaque para produtos essenciais na mesa dos brasileiros, como a batata-inglesa (18,21%), o tomate (15,78%) e o leite longa vida (4,73%). A alimentação fora de casa também ficou mais cara, avançando 0,92%.
Outros setores em alta
O grupo de Transportes subiu 0,87%, influenciado pelo aumento de 2,48% nos combustíveis, puxado principalmente pela gasolina (2,71%) e pelo etanol (1,74%). O setor de Saúde e Cuidados Pessoais também teve alta de 0,98%, com destaque para os itens de higiene pessoal (1,12%).
Por outro lado, o grupo Vestuário registrou uma leve queda de 0,28%, ajudando a frear uma alta ainda maior do índice.
Perspectivas e impactos na economia
Economistas avaliam que a aceleração da inflação em fevereiro acende um alerta para o Banco Central, que vem conduzindo uma política de cortes graduais na taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano. A continuidade da alta inflacionária pode dificultar novos cortes, mantendo os juros elevados por mais tempo para tentar conter os preços.
O aumento da inflação também pesa no bolso do consumidor. Com a energia mais cara e a alimentação pressionada, famílias de baixa renda tendem a sentir mais fortemente os impactos, já que esses itens representam uma parte maior dos seus orçamentos.
Especialistas projetam que o IPCA pode desacelerar nos próximos meses, caso o cenário energético melhore e os preços dos alimentos se estabilizem com a entrada da safra de produtos agrícolas. No entanto, o comportamento dos combustíveis e a taxa de câmbio seguem como fatores de risco.
O governo acompanha a situação e estuda medidas para aliviar o custo da energia elétrica, enquanto o Banco Central reforça a necessidade de manter o compromisso com a estabilidade dos preços. A expectativa do mercado é de que o IPCA encerre 2025 em torno de 4%, ainda acima da meta, mas dentro do intervalo de tolerância.
A inflação em alta reacende debates sobre o poder de compra da população e o ritmo da recuperação econômica no país, com empresários e consumidores demonstrando preocupação com os custos crescentes.
Por: Clara Beatriz Ferreira
Comments